sexta-feira, 29 de maio de 2009

pequenas grandes histórias


São histórias de gente anónima, nas ruas de Nova Iorque. Com o projecto One in 8 Million o New York Times prova que o jornalismo se pode renovar constantemente e encontrar outras formas de nos contar o mundo.

O trabalho dos jornalistas é quase invísivel - como sempre acontece quando a emoção das histórias fala mais alto. Os «personagens» escolhidos falam directamente connosco e acabamos por descobrir as suas vidas através do olhar do fotógrafo Todd Heisler. A preto e branco, sempre. São, afinal, as cores que melhor ficam à cidade.

Já ri e já fiquei de coração apertado a ouvir as histórias desta gente. Nunca esquecerei May Wong Lee, a asiática que levou para casa uma menina etíope; Maggie Wirth, a emprega de mesa-cantora; Joe Manniello, o barbeiro italiano que corta cabelos há 36 anos no terminal de autocarros; Jim Romano, o fotógrafo de jornais tablóides, que palmilha as ruas de Manhantan desde 1946; Henry Reininger, o contabilista de 72 anos que recebe clientes 24 horas por dia...

O projecto já conta com mais de 20 perfis e, todas as semanas, uma nova história é revelada no site. Duram apenas dois minutos. Dois minutos onde cabe uma vida inteira. É preciso ver para crer.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um ano de Dispatches


É o quarto número desta revista trimestral, que já faz parte das minhas leituras favoritas. Depois de edições dedicadas à América, ao Iraque e à Rússia, eis este dedicado à Pobreza. A qualidade das reportagens, das investigações, dos portefólios fotográficos e da opinão fazem-me continuar a acreditar na possibilidade de um jornalismo puro e duro, sem concessões - nem sequer à publicidade, pois esta revista recusa qualquer tipo de anúncio. A sua sobrevivência depende exclusivamente dos leitores.
Os fundadores da Dispatches anunciaram, há um ano, que lhes bastariam 10 mil assinantes para fazer este projecto vingar. Não sei se o conseguiram. Sei que eu sou uma delas (por 50€ anuais) e espero poder continuar a receber a revista, por muitos e bons anos, na minha caixa do correio.
Os textos são apenas apresentados sumariamente no site que, no entanto, aconselho a consultarem. Mas para ler mais têm mesmo que comprar a revista. Acho bem. Sei que, nos tempos que correm, não é politicamente correcto dizê-lo: mas por que raio havia o talento de tantos repórteres, que dedicaram meses de trabalho e arriscaram a sua vida nos piores infernos deste mundo, ser oferecido gratuitamente na Internet?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Colombo, único e original

Há quem use os telemóveis só para falar com os amigos. Outros para ouvir música, ler e-mails, dar uma de paparazzi... Mas para desenhar? Pois é. Esta capa da New Yorker foi desenhada por Jorge Colombo e é ainda mais fabulosa por ter sido criada no iphone, usando um novo programa, «brushes». A revista explica o processo, disponibilizando também um vídeo da criação, e promete publicar online, todas as semanas, mais uma criação do ilustrador português.
A inovação foi notícia em todo o mundo: do New York Times ao El Pais. E já não faltam artistas a mostrar que também sabem ser «originais». Mais um«ovo de Colombo»...

domingo, 24 de maio de 2009

How to be a Man?



É uma das mais fabulosas capas de sempre da Esquire. Com George Clooney... mas também Barack Obama e Justin Timberlake. Não se vêem nesta imagem mas, através de cortantes na capa, os rostos dos «senhores que se seguem» vão aparecendo, permitindo-nos construir 27 combinações (e capas) diferentes (podem perceber melhor vendo este vídeo).
O tema central desta revista intrigou-me: «How to be a Man». Comecei por ler este artigo, à procura de pistas: What is a Man? E, se não concordo com todas as respostas, sei bem que esta é a mais pura das verdades:
A man knows how to lose an afternoon. Drinking, playing Grand Theft Auto, driving aimlessly, shooting pool. He knows how to lose a month, also.
O género de conversa...
- «O que vais fazer hoje?»
- «Nada»
... é mais comum no reino dos homens. As mulheres têm mais dificuldade. O que não é necessariamente bom.
Num número para homens, sobre homens, há muito mais a explorar (também por mulheres curiosas...) Entrevistas, testes, artigos de opinião com o típico sentido de humor a que a revista já habitou os seus leitores.
Gostei especialmente de um artigo ao estilo vox-populi, perguntando a 41 «tipos normais» o que aprenderam na vida. Eu, que hoje agradeço especialmente o amor incondicional dos meus amigos, concordo com o Arnold, de Filadélfia:
It's people that make us crazy, so it's gotta be people that make us well.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

falhar... e crescer


Um guia para sobreviver ao falhanço? Eis o tema de capa da Psychology Today que acaba de chegar às bancas. Comecei a ler, renitente, distanciada, quase desinteressada. No fundo, no fundo, quem ainda tenha uma réstia de auto-estima dificilmente considera, assim à primeira vista, que este assunto possa ter alguma coisa a ver connosco... naaahh...
«Falhar» é uma palavra muito forte. E traz, por arrasto, uma série de amigas de que também não gostamos nada. Como a vergonha. Ou a culpa.
Bom, como estão a ler este post, já devem ter percebido que «o tema», afinal, é muuuuito interessante. Ao segundo parágrafo já estava conquistada. Porque o texto fala das pequenas e grandes derrotas que todos (todos...) acabamos por sofrer, mais dia menos dia. Dificuldades financeiras, problemas no trabalho, desilusões amorosas. E explora essa extraordinária teoria de que os falhanços (com ou sem culpa...) são, na verdade, oportunidades para crescermos - e, quem sabe, catapultar a nossa vida para um nível muito melhor. Foi o que aconteceu ao poeta Philip Schultz, citado no início do artigo, que, até aos 11 anos, nem sequer sabia escrever...
Não é novidade, eu sei. Mas a forma como é apresentada fez-me sorrir, fez-me sentir bem. Fez-me ficar como a miúda serenamente confiante que enche a capa da revista: com a minha armadura contra as agruras da vida um pouco mais fortalecida.

terça-feira, 19 de maio de 2009

«15 melhores séries de televisão de sempre»


O Carlos Santos lançou-me o desafio... e como fica mal cortar a corrente de amizade que pretende unir a blogosfera nacional, aqui fica a minha lista das «15 melhores séries de televisão de sempre»:

1. West Wing (Os Homens do Presidente). Absolutamente brilhante. E tão real... Como este diálogo entre Leo e Santos, perante o volumoso programa de governo que o futuro Presidente queria aprovar:

Leo: Ok. Let’s start by refraining the question. Forget about a four year term, the presidency is 18 months. That’s your window. After that, there’s midterms. No one on the Hill has time to do business with you, they’re too busy getting re-elected
Santos: Huh.
Leo: Then suddenly, you’re running again.
Santos: So I’m basically throwing everything out but my first five pages.
Leo: In the garbage. Realistically, one page. But, we can do this in phases.

2. Seinfeld. Tenho a colecção completa em dvd, já vi todos os episódios mais de uma dúzia de vezes e, ainda assim, se estou a fazer zapping e tropeço num episódio na Sic-Radical, fico agarrada até ao fim! Adoro o Kramer... e o George. Entre os dois, o meu coração balança :)

3. Sopranos. Do I need to say more?
4. ER (Serviço de Urgência). Acabou agora nos EUA, depois de 15 anos no ar. Daqui a uns 3 meses vai acabar por cá (passa no AXN, às 6as, às 21h30) e já sei que vou chorar que nem uma Madalena.

5. Band of Brothers. Também está na colecção de dvd cá de casa. Para mim, um dos melhores trabalhos de sempre de Spielberg.
6. Alô, Alô... Listen very carefully, I shall say this only once.

7. Fawlty Towers. Com o maravilhoso John Cleese. Não seria preciso mais.
8. Sete Palmos de Terra. Um dos melhores argumentos dos últimos anos, mérito do senhor Alan Ball. E que personagens... Como esquecer aquela mãe?
9. Sex and the City. Se calhar é uma coisa de miúdas que gostam de Nova Iorque e de sapatos, não dá para explicar :)

10. X-Files. Noutro dia tentei rever um episódio e... naaah. Mas foi das séries que mais me marcaram. Fica a grata memória das noites em que trocava tudo para ficar à espera do Mulder...

11. Twin Peaks. Laura Palmer, by David Lynch. Um marco.

12. Yes, Minister. Inesquecível, Sir Humphrey Appleby.

13. Irmãos e Irmãs. Esta é nova. Só vai na série 3 mas já me conquistou. A culpa é da Sally Field. Chamem-me lamechas, não me importo... Os Walker já fazem parte da minha família.

14. Anatomia de Grey. Porque me faz rir e chorar. Porque gosto da muito-pouco-ou-nada-perfeita relação de Meredith com o seu McDreamy.

15. Mentes Criminosas. Bom... esta vem na sequência de séries como CSI (Las Vegas, please) e afins. Agora embala-me no sofá, quase todos os dias, antes de dormir. Afeiçoei-me ao louco Dr. Reid, que querem que faça?


E agora... Cenas do próximo episódio: a corrente não pode ser quebrada. Não aqui, pelo menos. Por isso Patrícia, Miguel, Carlos, Hugo e Alexandre, partilhem lá com a malta as vossas escolhas :)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

felicidade

Haverá uma fórmula para ser feliz? A pergunta, tantas vezes repetida, volta a ser colocada pela Atlantic na edição de Junho.
Este artigo, contudo, é muito diferente de todos os que já li sobre o assunto. O jornalista Joshua Wolf Shenk teve acesso exclusivo aos arquivos de George Vaillant, o mítico investigador de Harvard que liderou o mais prolongado estudo sobre o tema alguma vez realizado. Ao longo de 72 anos, uma equipa de cientistas seguiu as vidas de 268 homens: acompanharam as suas carreiras, casamentos e divórcios, as missões em várias guerras, as experiências como pais e avós... todos os altos e baixos das suas vidas, da juventude à velhice.
Vaillant foi crucial no desenvolvimento deste projecto, como explica o jornalista, que também traça o seu perfil. E o que procurava este homem, de forma tão obsessiva? A forma como respondemos à adversidade. É aí, acredita, que reside a chave da nossa felicidade:


«His central question is not how much or how little trouble these men met, but rather precisely how—and to what effect—they responded to that trouble. His main interpretive lens has been the psychoanalytic metaphor of “adaptations,” or unconscious responses to pain, conflict, or uncertainty. Formalized by Anna Freud on the basis of her father’s work, adaptations (also called “defense mechanisms”) are unconscious thoughts and behaviors that you could say either shape or distort—depending on whether you approve or disapprove—a person’s reality.
Vaillant explains defenses as the mental equivalent of a basic biological process. When we cut ourselves, for example, our blood clots—a swift and involuntary response that maintains homeostasis. Similarly, when we encounter a challenge large or small—a mother’s death or a broken shoelace—our defenses float us through the emotional swamp. And just as clotting can save us from bleeding to death—or plug a coronary artery and lead to a heart attack—defenses can spell our redemption or ruin.»

sexta-feira, 15 de maio de 2009

À conversa com Paul Auster



Paul Auster vai lançar um novo romance no Outono (Invisible) e a revista Granta publica um excerto na sua edição de Verão. O texto não está acessível online (em Portugal, a Granta pode ser comprada na Fnac) mas o site oferece-nos uma conversa com o escritor, na intimidade da sua casa, com vista para Prospect Park.
Nesta entrevista com o editor norte-americano da revista, Auster fala um pouco dos seus métodos de trabalho, explica que ainda escreve primeiro à mão e que, depois, datilografa tudo numa máquina de escrever... E que escreve e reescreve, num apartamento despojado que alugou no bairro de Brooklyn, até atingir «a claridade», que busca incessantemente, e «a simplicidade», que nos permite esquecer a importância das palavras - para entrarmos, sem reticências, na história que nos quer contar.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Junior e Senior


Há momentos assim. Em que damos graças por uma pausa. Em que lemos apenas por prazer. Hoje dei graças por esta pequena ficção de Salman Rushdie, In the South, na última edição da New Yorker. Por momentos desliguei. Não havia pressões no caso Freeport, rusgas na Bela Vista, trafulhices no BPP. Por instantes estive apenas ali, sentada ao lado de dois homens de 81 anos, amigos de sempre, nascidos com 17 dias de diferença. A ouvir Junior e Senior, no fim da caminhada da vida, à conversa.
“You look terrible,” Junior told Senior, as he did every morning. “You look like a man who is only waiting to die.” Senior — nodding gravely, and also speaking in accordance with their private tradition — responded, “That is better than looking, as you do, like a man who is still waiting to live.”

quarta-feira, 13 de maio de 2009

frase da semana

«In a world where more and more borders are being opened up - to trade, to travel, to movement of peoples, to cultural exchanges - it is tragic to see walls still being erected.»

Papa Bento XVI, em Belém (Cisjordânia), discursando «à sombra» do muro de separação construído por Israel

Jerusalém


Chamaram-lhe «Operação Batina Branca». Mais de 80 mil polícias, soldados e agentes secretos nas ruas. Em Israel, claro. Bento XVI está na Terra Santa. Hoje tornou-se no primeiro Papa a visitar a Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado para o Islão. Depois visitou o Muro das Lamentações, onde deixou um bilhetinho com um desejo, como manda a tradição judaica:

«haja paz dentro das tuas muralhas, tranquilidade nos teus palácios»

A imprensa israelita tem relegado para segundo plano os seus discursos, apelando ao entendimento entre cristãos, judeus e muçulmanos, explorando mais o «tom frio» com que se referiu ao Holocausto ou recordando o seu envolvimento, enquanto jovem, nos movimentos de apoio a Hitler...
Mas o Jerusalem Post publicou um artigo muito interessante sobre as comunidades cristãs que restam em Jerusalém. Constituíam 20% da população em 1948, hoje sobram pouco mais de 14 mil crentes (menos de 2%). Como conta um professor, sentem-se discriminados:

"In a way, the situation of the Christians in Israel is comparable to the situation experienced by the Jews in the Diaspora, when in any time of insecurity, communities would leave and search for a better future elsewhere."

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O humor de Obama

O jantar de Barack Obama com os jornalistas acreditados na Casa Branca decorreu no sábado à noite. Se não viram... não percam. O seu discurso parece um espectáculo de stand up comedy. É verdade que Bush também fazia rir a plateia. Mas com «piadas» muito diferentes... Enjoy!

sábado, 9 de maio de 2009

Lost and found


Há dias assim. Especiais. Hoje deixei a minha escrita de lado e fui ouvir os mestres. Inscrevi-me num seminário de jornalismo literário sobretudo pela vontade de ouvir Mark Kramer, jornalista e professor na universidade de Harvard. Mas foi Sukemu Mehta que me enfeitiçou. Fiquei duas horas (que me pareceram dez minutos) a ouvi-lo contar histórias. Ou melhor: a sua história, que é também a história do livro Maximum City: Bombay Lost and Found.

Sukemu nasceu em Calcutá, cresceu em Bombaim e aos 14 anos emigrou com a família para Nova Iorque. Na viragem do milénio decidiu regressar à Índia, à cidade da sua infância e adolescência, que não visitava desde 1977. Queria perceber se poderia voltar a viver em Bombaim. Conseguiu durante dois anos e meio. Dessa experiência resultou este livro, uma espécie de psicanálise da cidade que, a cada ano que passa, ganha mais um milhão de habitantes.

Sukemu não se limitou a escrever sobre a sua vida nesta mega-cidade: entrevistou os líderes dos dois gangues que dominam o território (um hindu, outro muçulmano), assassinos a soldo e polícias que, achando-se honestos, torturavam e executavam criminosos.... e, claro está, estrelas de Bollywood.

Os direitos deste livro-reportagem, vencedor do prémio «Primeira Obra» do Guardian e finalista dos Prémios Pulitzer, acabam de ser comprados por Danny Boyle (Slumdog Millionaire), para adaptação ao cinema. Deixo-vos um excerto:


«There will soon be more people living in the city of Bombay than on the continent of Australia. Urbs Prima in Indis reads the plaque outside the Gateway of India. It is also the Urbs Prima in Mundis, at least in one area, the first test of the vitality of a city: the number of people living in it. With 19 million people, Bombay is the biggest city on the planet of a race of city dwellers. Bombay is the future of urban civilization on the planet. God help us.
(...)
Each person’s life is dominated by a central event, which shapes and distorts everything that comes after it and, in retrospect, everything that came before. For me, it was going to live in America at the age of fourteen. It’s a difficult age at which to change countries. You haven’t quite finished growing up where you were and you’re never well in your skin in the one you’re moving to. I had absolutely no idea about the country America. (...) I traveled, in twenty-four hours, between childhood and adulthood, between innocence and knowledge, between predestination and chaos.
Everything that has happened since, every minute and monstrous act—the way I use a fork, the way I make love, my choice of a profession and a wife—has been shaped by that central event, that fulcrum of time.»

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Nas ruas de Beirute

Estive em Beirute pela primeira vez há quase três anos, durante a guerra entre o Hezbollah e Israel. Apesar das circunstâncias, apaixonei-me pela cidade. E prometi a mim própria que regressaria em breve. Ainda não consegui cumprir a promessa mas hoje andei, por momentos, naquelas praças debruadas com esplanadas, onde os homens passam as tardes a fumar nargilah. Fui pela mão de Christopher Hitchens, que publica um relato da sua última (e atribulada) visita a Beirute na Vanity Fair deste mês.
Em The Swastika and the Cedar cabem todas as emoções contraditórias de um ocidental recém-chegado ao Médio Oriente: o deslumbramento pela beleza arquitectónica, pela riqueza cultural, pela diversidade de credos e opiniões, pela firmeza das convicções; mas também o receio pela violência das divergências, pela raiva à flor da pele, pela sede de vingança que suga cada pedaço de normalidade conquistada.
Hitchens passeava no centro de Beirute quando encontrou um cartaz do SSNP - o partido socialista nacionalista sírio, que tem como símbolo uma suástica. E não conseguiu passar ao lado. Agarrou numa caneta e começou a escrever uma mensagem de repúdio no cartaz. Mas logo foi agarrado por um militante e acabou por ser espancado...
A partir deste episódio explica-se também a influência da Síria no Líbano e a volatibilidade da paz nas ruas de Beirute: num minuto, Hitchens passou de um turista feliz, a passear na baixa da cidade, a um inimigo em fuga, ensopado em sangue. E deixou o país com a sensação de que os «ensaios gerais» estão quase a terminar - os «ensaios» para a guerra entre Israel, Síria e Irão.

domingo, 3 de maio de 2009

Alejandro, o grande

(Foto: Teresa Isasi/El Pais)
Deu-nos apenas seis filmes mas já conquistou o seu lugar na lista dos melhores realizadores dos nossos tempos. Depois de Os Outros (2001) e de Mar Adentro (2004), Alejandro Amenábar está prestes a estrear Ágora, um épico centrado no Egipto do século IV, que nos contará a história de Hypatia de Alexandria, uma filósofa grega que contribuiu grandemente para o desenvolvimento das Matemáticas e da Astronomia (protagonizada por Rachel Weisz).
Hoje, na revista do El Pais, Juan José Millás traça o perfil do realizador espanhol e conta-nos, por exemplo, que apesar do sucesso e do Óscar de Hollywood, Amenábar continua a partilhar um apartamento com amigos da faculdade, a encomendar pizzas para o jantar.
O texto, de um dos grandes mestres da escrita espanhola, parte de uma conversa à mesa de um restaurante de Madrid, onde falam sobre a existência da vida extraterrestre, passa pelos bastidores da rodagem do último filme, projecta partes do filme da sua vida e acaba com o entrevistador rendido à personalidade do entrevistado. Eu cheguei ao último parágrafo com pena de não ter mais páginas para ler...
P.S. O Mundo, de Juan José Millás, foi recentemente publicado em Portugal (Ed. Planeta). Não o perca, numa feira do livro perto de si...

sábado, 2 de maio de 2009

A mulher que descobriu a gripe suína

A revista Science entrevistou ontem, em exclusivo, a microbiologista Celia Alpuche, a directora do laboratório no México que detectou o primeiro caso de gripe suína (agora Gripe A, para não incomodar suinicultores, judeus e muçulmanos...). A cientista explica como as autoridades ficaram alarmadas com o aumento dos casos de gripe e pneumonia no país e as dificuldades que sentiram para realizar análises de despite fidedignas. A confirmação de que existia um novo subtipo de gripe só foi possível com a colaboração de um laboratório do Canadá.
A origem deste novo vírus não é ainda clara para a microbiologista mexicana. As autoridades têm falado na hipótese do epicentro ter sido em suiniculturas da região de Perote mas o primeiro caso detectado, a 1 de Abril, é de um menino de La Gloria, a 80 quilómetros dessa zona.
Alpuche está a trabalhar a um ritmo alucinante há mais de duas semanas, desde que recebeu do Canadá a confirmação da desgraça: «Durmo duas horas por dia, às vezes faço uma sesta de meia-hora. E há os lattes. Cafés duplos. Expresso.»