quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um príncipe na guerra

Foto: John Stillwell/PA


É oficial: o príncipe Harry está a combater no Afeganistão desde 12 de Dezembro. A notícia foi revelada hoje, apesar de, como explica o Guardian, os jornalistas terem concordado com um blackout, reconhecendo a necessidade de manter segredo até final da sua missão (Abril), por razões de segurança. Mas o site americano Drudge Report não resistiu e lançou a bomba... O ministro da Defesa britânico já confirmou a notícia.
Harry é o terceiro na linha de sucessão ao trono britânico. Há dois anos considerou abandonar o Exército por lhe ser recusada a participação numa missão no Iraque. O príncipe sempre quis ser «um soldado igual aos outros» mas os seus superiores (e a Rainha, sua avó) consideravam que um membro da família real num cenário de guerra seria um alvo demasiado apetecível... No final do ano passado, contudo, aceitaram enviá-lo numa missão «secreta» para combater os taliban, na região de Helmand.
Agora, acabou-se. Harry já estará a bordo de um avião, a voltar para casa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Santos = Obama: o segredo revelado


Já muitos fãs da fabulosa série West Wing (Os Homens do Presidente, a ver no AXN, aos domingos, 20h30) tinham notado semelhanças entre Obama e o carismático candidato «Santos», que conquista os eleitores democratas com a sua mensagem de esperança. O que não sabiam - e lhes foi revelado com esta notícia do Guardian - é que o argumentista Eli Attie se inspirou mesmo em Obama quando criou esse personagem, em 2004...

Obama era então um desconhecido do público mas começava a ser falado no partido, devido a uma intervenção memorável no congresso que nomeou John Kerry. Eli Attie, que escreveu os discursos de Al Gore na campanha de 2000, tinha de criar o perfil de um candidato «diferente» para os episódios finais de West Wing quando ouviu falar de Obama. Quis saber tudo sobre ele.

No final, o candidato não foi negro mas sim latino... apenas porque os produtores da série há muito tinham decidido que assim seria. O casting até já estava feito: o escolhido foi o actor Jimmy Smits (na foto, com Obama).

O político «inspirador» espera agora que o desfecho da história lhe seja, na vida real, tão favorável como foi no mundo da ficção: Santos acabou por ser o democrata escolhido pelos congressistas. E foi eleito presidente dos EUA.

P. S. - O jornal britânico lançou um site especial que merece uma visita: chama-se Guardian America e tem feito uma das melhores coberturas das eleições norte-americanas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Contagem decrescente para o 9-M


A campanha eleitoral para as eleições espanholas arranca, oficialmente, esta sexta-feira, 22. As sondagens continuam a apontar para um empate técnico. A luta não podia estar mais renhida mas, ainda assim, o PSOE mantém o tom conciliatório. Será por causa de notícias como esta?

Os três primeiros spots televisivos da campanha estão a dar que falar - os socialistas apelam ao voto e ao respeito pelas ideias dos outros. Num dos anúncios, com uma linguagem cinematográfica pouco comum no mundo da política, um filho faz uma viagem de 300 km para levar a mãe a votar... no PP! Veja-os aqui.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Do sonho à realidade


«It is now time for America to evaluate Obama the potential president, not Obama the phenomenon», escreve-se na Economist. É a pergunta que muitos especialistas e comentadores fazem, por estes dias: será este o líder que poderá mudar a América (e o mundo) ou tudo não passa de uma grande ilusão?



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A música de Obama



O homem que ousou apostar na palavra «Esperança» para lançar a sua corrida à presidência dos Estados Unidos vai fazendo o seu caminho. Mesmo que não venha a ser eleito já iniciou uma revolução, reconquistando milhões de americanos para a vida política activa. Fartos de demagogos e corruptos, descobriram em Obama novas razões para acreditar na nobreza da política - aquela que, como sempre deveria ser, se faz ao serviço dos outros.

São esses americanos, que querem espalhar a «nova» mensagem, que nos oferecem videoclips como Yes, we can!
O vídeo, realizado pelo filho de Bob Dylan, tem música do vocalista dos Black Eyed Peas e letra «roubada» aos discursos de Obama. Cantam, entre outros, John Legend, Herbie Hancock e Scarlett Johansson...

Já é um dos mais vistos do You Tube mas o mundo ficou a conhecer a história no site da ABC News/USA Today.

Mulheres de Islamabad

Foto: Tyler Hicks/The New York Times


Foto: Akhtar Soomro/The New York Times

São mulheres. Paquistanesas. Hoje exercem um dos poucos direitos que lhes restam: votar. Estão também fortemente representadas nas assembleias de voto, contando e recontando os boletins que ditarão quem governará o país nos próximos anos.
Uma única certeza: será um homem...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Os adoçantes… engordam!


(Woman Drinking With Cat, Fernando Botero)

Não sei o que pensam disto mas eu, que consegui habituar-me (sem nunca gostar) ao sabor do café com um comprimido diluído, fiquei chocada com esta notícia do El Pais, a propósito deste estudo publicado na revista científica Behavioral Neuroscience. Os cientistas descobriram, fazendo estudos em ratos, que o organismo, ao deixar de conseguir diferenciar a sensação de doçura de um alimento light de um com as calorias normais, fica «confuso». E o que faz? Bom, tal como nos estudos de Pavlov, «antecipa» que vamos ingerir muitas calorias e reage de acordo com essa informação – mesmo que estejamos a beber uma coca-cola light iremos engordar tanto como com uma coca-cola normal. Frustrante, não?
Como se não bastasse, o estudo indica ainda que o consumo de adoçantes estimula, na verdade, o aumento de peso e de matéria gorda no corpo, além de provocar desequilíbrios metabólicos. Tanto sacrifício para nada…

sábado, 9 de fevereiro de 2008

/\ de Zapatero


A campanha eleitoral ainda não começou mas não se nota nada... Os espanhóis vão a votos a 9 de Março e os líderes do PP e do PSOE desdobram-se em viagens pelo país, participam em convenções, dão entrevistas todos os dias e já apresentaram os seus programas de governo. O clima é de grande crispação entre os dois principais partidos (foi assim durante toda a legislatura) mas na última semana foi especialmente tenso. Surgiram até declarações do Conselho Episcopal, apelando claramente ao «não voto» no PSOE, o partido que acusam de «destruir a família espanhola», por ter aprovado o direito de casamento e adopção aos homossexuais, por exemplo...
Agora que o líder do PP, Mariano Rajoy, falou sobre a questão da imigração de uma forma considerada xenófoba e prometeu acabar com o direito de casamento entre homossexuais, Zapatero agradece o surgimento de um movimento da sociedade civil que decidiu fazer campanha pela sua reeleição. A PAZ - Plataforma de Apoio a Zapatero - defende, em manifesto assinado por mais de cinco mil personalidades, que o líder socialista merece ser reconhecido como responsável pelo «maior avanço da história recente de Espanha em matéria de direitos civis» e deve ser louvado pela sua luta contra todos os tipos de discriminação.
O vídeo de lançamento da PAZ criou um gesto que ameaça tomar conta da campanha «oficial» do PSOE: em linguagem gestual, Zapatero é representado criando dois V invertidos sobre o olho, em referência às suas típicas sobrancelhas. Haverá melhor slogan que o identifique como um defensor da integração e igualdade?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

And the winner is...




Esta foi a fotografia hoje distinguida com o 1º Prémio World Press Photo (ver galeria de premiados). A imagem de um soldado americano, exausto, no momento em que se refugiava num bunker, no mortífero vale de Korengal, no Afeganistão.

Há algo nesta imagem, captada pelo fotógrafo britânico Tim Hethrington em Setembro de 2007 (e publicada na revista Vanity Fair) que nos prende e nos emociona. Talvez porque, como tão bem explicou o júri, represente o «esgotamento de um homem e de uma nação».



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A arquitectura do medo


Foto: AFP

O governo israelita decidiu hoje avançar com a construção de (mais) um muro de segurança, desta vez ao longo de 240 km, na fronteira com o Egipto. O projecto, que custará mil milhões de dólares, era estudado há algum tempo, noticiam os jornais israelitas - mas saltou definitivamente da gaveta depois do «caos» gerado na fronteira de Rafah.
De facto, como foi possível conceder tantos dias de livre circulação aos palestinianos de Gaza? No meio dos sacos de cimento e de farinha, das bilhas de gás e bidões de gasolina, o que levariam escondido?
Quando se desconfia de tudo e de todos, não resta espaço para a esperança (de que, um dia, possa haver paz), nem para a compaixão (pelos que nada têm, há tantos anos). Sobra apenas o medo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Ainda o Darfur, agora também o Chade



Foto de Jan Grarup/Agência Noor

Nos últimos anos, o Chade acolheu 400 000 refugiados sudaneses na sua fronteira com o Darfur. Agora que as armas também se ouvem nas ruas de N'Djamena, a capital deste país africano, o povo começou a fugir para os Camarões. Mas, segundo contaram elementos da Cruz Vermelha à Associated Press, as duas pontes que permitiam a fuga para esse país ficaram hoje sob domínio dos rebeldes.

Morreram já centenas de pessoas, paira no ar a ameaça de novos ataques, e, perante a crise, que o governo do Chade diz ter a mão dos vizinhos sudaneses, que diz a ONU, os EUA, a Europa? Bom, o primeiro sinal veio da União Europeia, anunciando o adiamento do envio dos (míseros) 3 700 militares que deveriam partir para a região (uma promessa que se arrasta há três anos) para proteger os refugiados do Darfur. Claro, faz todo o sentido...

Mais uma manif convocada por sms...

«O povo está a sofrer, os filhos de ministros, deputados e outros dignitários não andam de chapa e os chapas estão caros. No dia 5 ninguém deve apanhar chapa, ninguém deve trabalhar. Vamos fazer greve e exigir justiça camaradas, envie para outros, seja unido na luta contra a pobreza». Segundo a Agência Lusa, esta foi a mensagem que circulou de telemóvel em telemóvel, em Maputo, Moçambique, trazendo hoje para a rua milhares de pessoas descontentes com o aumento de 50% nos chamados «transportes públicos informais» - os famosos «chapas».

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Guantanamo: nós e os outros


Apesar do relatório da organização britânica Reprieve ter feito manchetes por cá, não teve grande divulgação nos media internacionais... Excepção para o El Pais, que ocupa na edição de hoje duas páginas com o tema. Neste artigo assume-se como facto indesmentível o envolvimento de Portugal na logística de transporte de prisioneiros para Guantanamo, em voos da CIA.


Nos jornais do resto do mundo, quando se fala de Guantanamo fala-se, sobretudo, de David Hicks. Curiosamente, por cá os jornalistas ainda não pegaram no assunto.
Este australiano juntou-se, em 1999, ao Exército de Libertação do Kosovo, onde se converteu ao Islão. Foi detido no Afeganistão, em 2001, e daí transferido para Guantanamo. Esteve preso durante seis anos naquele campo de detenção e foi o primeiro dos 10 detidos a ser julgado pelas Comissões Militares criadas por ordem do Presidente Bush. A 26 de Março de 2007 considerou-se culpado de “fornecer apoio material para terrorismo”, arriscando a condenação a prisão perpétua, porque sabia que, à luz dos acordos entre a Austrália e os EUA, teria de ser deportado para o seu país e, eventualmente, cumprir aí a sua pena.
Agora saiu da prisão e está prestes a ver-se livre do único acordo que fez com a justiça norte-americana: não falar sobre Guantanamo durante um ano. As ofertas dos meios de comunicação, que querem publicar a sua história em primeira mão, já começaram. O pai de Hicks disse hoje à Reuters que tem mais de 30 ofertas, de jornais e televisões australianas, inglesas e norte-americanas. Quem vencerá? Provavelmente, quem der mais. E parece que «alguém» já ofereceu um milhão de dólares...